sábado, junho 14, 2003
A smile from Cambridge :)
Hello beautiful people!
Peco desculpa a quem nao dou noticias minhas ha' ja' alguns meses mas
tenho, pelo menos, respondido a quem activamente as procura. Na verdade, a
frequencia destas missivas tende a diminuir, quer pela nocao de quao
impessoal e' escrever para 85 pessoas em simultaneo, quer pelo facto de a
inspiracao ser proporcional a uma disponibilidade para a escrita que,
por bons motivos, nao tem sido muita.
Os meus dias em Cambridge tem sido muito (e bem) preenchidos. O trabalho
e' muito e avanca: esta' cada vez mais proxima a submissao do "meu"
primeiro artigo e apareceu entretanto a possibilidade de participar num
outro.
De resto, futebol, cinema, passeios, copos, sempre bem acompanhado. E ate'
o Fado chegou a Cambridge, cortesia da Sociedade Portuguesa.
Daqui a exactamente 3 semanas mudo de casa. Vou partilhar uma casa com um
casal de italianos. O rapaz e' meu colega no laboratorio e dou-me muito
bem com eles. A casa onde estava era confortavel mas a nova situacao vai
permitir-me viver num ambiente mais familiar, sentir mais a casa como
minha, poupar 150 libras por mes e instalar internet de banda larga em
casa (e assim evitar algumas noitadas e fins de semana no laboratorio).
FOOD vs PINTS
Uma das diferencas culturais mais interessantes entre latinos e britanicos
reside no peso social da comida. Isto alias ajuda a explicar a relativa
pobreza da cozinha local.
Parafraseando o meu amigo Pedro Bordalo, para um latino "nao ha' nada
como uma boa refeicao, em boa companhia". A versao britanica e' "nao ha'
nada como uma boa 'pint' (0.568 l) de cerveja, em boa companhia, num Pub".
Ou seja, e' complicado arranjar um bom pretexto para convencer os nativos
a jantar fora. Argumentam sempre que sai caro. Mas qualquer desculpa e'
boa para o convivio no Pub. Alias, sempre que combinamos encontros num
Pub, as pessoas vao a casa antes jantar qualquer coisa rapida (porque tem
fome) para poder chegar cedo Pub e beber calmamente durante toda a noite.
Acabam por gastar mais do que teriam gasto no restaurante, ate' porque
aqui e' costume cada um pagar uma rodada.
SEGREGATION?
Nao obstante a critica implicita no comentario anterior, devo dizer que as
diferencas culturais (que nao sao assim tantas dentro da Europa) tem sido
exemplarmente respeitadas pelos meus amigos britanicos. Tenho sido
convidado para tudo, incluindo para os copos (mesmo que de Coca-Cola) nos
Pubs ou para jantares em frente 'a televisao a acompanhar a Seleccao
Inglesa. Tenho tido optimas experiencias no relacionamento com os nativos.
Se e' verdade que o povo britanico nao e' o mais hospitaleiro, que
Cambridge e' um caso 'a parte e que lido sobretudo com gente bem formada e
de espirito cosmopolita, tambem me parece que muitas vezes as pessoas
geram a sua propria segregacao e discriminacao quando vao morar para o
estrangeiro. Afinal, e' o imigrante que se deve adaptar ao pais de
acolhimento e nao o contrario. Conheco um grupo de espanhois que so' se
dao com compatriotas (e abrem umas excepcoes para portugueses e italianos)
e que passam a maior parte do tempo em que estao juntos a dizer mal de
Inglaterra e dos ingleses, quando provavelmente nunca se deram ao trabalho
de os conhecer... Aqui, como em todo o lado, ha' gente boa e gente menos
boa.
A adaptacao nem sempre e' facil, a critica e' salutar, a anedota
inofensiva e a diferenca enriquecedora. Estranho e' quando fazemos as
mesmas figuras tristes de que acusamos os outros.
Um olhar ou um comentario mais sobranceiro pode ser devolvido com
indiferenca ou ate' com uma subtileza do mesmo calibre e nao
necessariamente com a ferida revolta indicativa de um real
complexo de inferioridade.
Eu continuo a nao ter grandes razoes de queixa.
NUNO & HIS HAREM
Para acabar, aqui vai uma que vos vai dar margem para gozarem comigo...
'A custa do excelente relacionamento que tenho com as colegas e das belas
amigas portuguesas com quem 'as vezes sou visto, constou-se no laboratorio
(em tom de brincadeira, claro) que eu tinha um harem. A historia da minha
vida: muita fama, nenhum proveito... Tenho tambem a reputacao de animador
social do laboratorio uma vez que costumo organizar as idas ao cinema.
Normalmente consigo sempre arrastar uma dezena de colegas mas esta semana
os filmes propostos suscitaram menos interesse. Assim, na Quinta fiz-me
acompanhar de uma bela e descomprometida jovem inglesa, cujo nome proprio
e' identico ao da mulher do Blair (um postal para quem descobrir o nome).
Ontem fui ver a loira e a morena do Linch ("Mulholland Drive") acompanhado
por duas loiras... de cerca de 40 anos, uma casada e outra divorciada, uma
mae de tres raparigas (a mais velha das quais ja' com 19 anos) e outra
de dois rapazes, uma russa e outra alema... Assim e' dificil
livrar-me da reputacao e levarem-me a serio... :)
Por hoje chega. Agora e' a minha vez de esperar noticias.
Portugal so' la' para Agosto...
Saudades, abracos & beijinhos,
Nuno
"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma
terceira coisa. E enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita
comeca a desconfiar que nao foi propriamente dita."
Mario Quintana
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Peco desculpa a quem nao dou noticias minhas ha' ja' alguns meses mas
tenho, pelo menos, respondido a quem activamente as procura. Na verdade, a
frequencia destas missivas tende a diminuir, quer pela nocao de quao
impessoal e' escrever para 85 pessoas em simultaneo, quer pelo facto de a
inspiracao ser proporcional a uma disponibilidade para a escrita que,
por bons motivos, nao tem sido muita.
Os meus dias em Cambridge tem sido muito (e bem) preenchidos. O trabalho
e' muito e avanca: esta' cada vez mais proxima a submissao do "meu"
primeiro artigo e apareceu entretanto a possibilidade de participar num
outro.
De resto, futebol, cinema, passeios, copos, sempre bem acompanhado. E ate'
o Fado chegou a Cambridge, cortesia da Sociedade Portuguesa.
Daqui a exactamente 3 semanas mudo de casa. Vou partilhar uma casa com um
casal de italianos. O rapaz e' meu colega no laboratorio e dou-me muito
bem com eles. A casa onde estava era confortavel mas a nova situacao vai
permitir-me viver num ambiente mais familiar, sentir mais a casa como
minha, poupar 150 libras por mes e instalar internet de banda larga em
casa (e assim evitar algumas noitadas e fins de semana no laboratorio).
FOOD vs PINTS
Uma das diferencas culturais mais interessantes entre latinos e britanicos
reside no peso social da comida. Isto alias ajuda a explicar a relativa
pobreza da cozinha local.
Parafraseando o meu amigo Pedro Bordalo, para um latino "nao ha' nada
como uma boa refeicao, em boa companhia". A versao britanica e' "nao ha'
nada como uma boa 'pint' (0.568 l) de cerveja, em boa companhia, num Pub".
Ou seja, e' complicado arranjar um bom pretexto para convencer os nativos
a jantar fora. Argumentam sempre que sai caro. Mas qualquer desculpa e'
boa para o convivio no Pub. Alias, sempre que combinamos encontros num
Pub, as pessoas vao a casa antes jantar qualquer coisa rapida (porque tem
fome) para poder chegar cedo Pub e beber calmamente durante toda a noite.
Acabam por gastar mais do que teriam gasto no restaurante, ate' porque
aqui e' costume cada um pagar uma rodada.
SEGREGATION?
Nao obstante a critica implicita no comentario anterior, devo dizer que as
diferencas culturais (que nao sao assim tantas dentro da Europa) tem sido
exemplarmente respeitadas pelos meus amigos britanicos. Tenho sido
convidado para tudo, incluindo para os copos (mesmo que de Coca-Cola) nos
Pubs ou para jantares em frente 'a televisao a acompanhar a Seleccao
Inglesa. Tenho tido optimas experiencias no relacionamento com os nativos.
Se e' verdade que o povo britanico nao e' o mais hospitaleiro, que
Cambridge e' um caso 'a parte e que lido sobretudo com gente bem formada e
de espirito cosmopolita, tambem me parece que muitas vezes as pessoas
geram a sua propria segregacao e discriminacao quando vao morar para o
estrangeiro. Afinal, e' o imigrante que se deve adaptar ao pais de
acolhimento e nao o contrario. Conheco um grupo de espanhois que so' se
dao com compatriotas (e abrem umas excepcoes para portugueses e italianos)
e que passam a maior parte do tempo em que estao juntos a dizer mal de
Inglaterra e dos ingleses, quando provavelmente nunca se deram ao trabalho
de os conhecer... Aqui, como em todo o lado, ha' gente boa e gente menos
boa.
A adaptacao nem sempre e' facil, a critica e' salutar, a anedota
inofensiva e a diferenca enriquecedora. Estranho e' quando fazemos as
mesmas figuras tristes de que acusamos os outros.
Um olhar ou um comentario mais sobranceiro pode ser devolvido com
indiferenca ou ate' com uma subtileza do mesmo calibre e nao
necessariamente com a ferida revolta indicativa de um real
complexo de inferioridade.
Eu continuo a nao ter grandes razoes de queixa.
NUNO & HIS HAREM
Para acabar, aqui vai uma que vos vai dar margem para gozarem comigo...
'A custa do excelente relacionamento que tenho com as colegas e das belas
amigas portuguesas com quem 'as vezes sou visto, constou-se no laboratorio
(em tom de brincadeira, claro) que eu tinha um harem. A historia da minha
vida: muita fama, nenhum proveito... Tenho tambem a reputacao de animador
social do laboratorio uma vez que costumo organizar as idas ao cinema.
Normalmente consigo sempre arrastar uma dezena de colegas mas esta semana
os filmes propostos suscitaram menos interesse. Assim, na Quinta fiz-me
acompanhar de uma bela e descomprometida jovem inglesa, cujo nome proprio
e' identico ao da mulher do Blair (um postal para quem descobrir o nome).
Ontem fui ver a loira e a morena do Linch ("Mulholland Drive") acompanhado
por duas loiras... de cerca de 40 anos, uma casada e outra divorciada, uma
mae de tres raparigas (a mais velha das quais ja' com 19 anos) e outra
de dois rapazes, uma russa e outra alema... Assim e' dificil
livrar-me da reputacao e levarem-me a serio... :)
Por hoje chega. Agora e' a minha vez de esperar noticias.
Portugal so' la' para Agosto...
Saudades, abracos & beijinhos,
Nuno
"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma
terceira coisa. E enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita
comeca a desconfiar que nao foi propriamente dita."
Mario Quintana
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