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domingo, dezembro 19, 2004


Paciência 

No período natalício os atrasos nos vôos tendem a ser mais frequentes. Há mais gente a viajar, mais vôos e o tempo é normalmente chuvoso, o que não ajuda. Os vôos da noite são particularmente afectados devido à acumulação de atrasos ao longo do dia. Foi assim com naturalidade e serenidade que encarei o atraso da partida para o Porto e para as férias. Habituado a estas andanças, tenho sempre um livro, papel e caneta e, às vezes, o laptop ou um jornal para não desperdiçar os tempos “mortos”.
Pelo que percebi, nenhum passageiro tinha qualquer compromisso agendado para essa noite. O atraso significava apenas ver os familiares um pouco (aproximadamente 1 hora) mais tarde, jantar mais tarde, deitar mais tarde. Mas nem por isso evitei ser perturbado por especulações inúteis sobre a natureza do atraso e por lamentos e queixas enfatizados por vernáculos que me dispenso de reproduzir aqui.
O bom exemplo veio de uma encantadora criança que, apesar de nitidamente cansada, não deixou de brincar tranquilamente com um gatinho de peluche. Ingenuamente ou talvez pressentindo a irritação reinante, percorreu toda a sala de embarque e abordou cada passageiro: “Gostas do meu gatinho? Faz festinhas no meu gatinho?”. A doçura da miúda devolveu o sorriso e a calma aos passageiros e o vôo foi calmo.
Termino com uma nota para quem gosta de estereótipos. Durante a viagem ainda ouvi uns quantos palavrões impacientes vindos de um indivíduo de pele morena, bigode preto, camisa aberta, crucifixo, gel em pouco cabelo que enrolava ao chegar ao pescoço, barriga, telemóvel topo de gama com toque polifónico mas dentes que nunca viram dentista.

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