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domingo, abril 21, 2002


Fünf - Passeios 

Ola' a todos!

Pois, ja' ha' mais de um mes que nao mando cronicas. Tambem ja' deviam estar fartos de as ler e assim tiveram descanso. Os ultimos 40 dias foram mais agitados que os anteriores 50.

CAMBRIDGE
Ainda em Marco, fui um fim de semana a Cambridge, por motivos profissionais. Apanhar o aviao Sexta de manha, trabalhar Sexta 'a tarde e Sabado manha e tarde, regressar no Domingo. 'A "executivo", como gozou o Juan. Ponto alto da visita relampago: jantar de Sexta com os meus amigos Salome' e Nuno (ja' tinha saudades). Tambem foi engracado o jantar de Sabado em casa do Samuel (o meu "boss" la'), matar saudades dos pequenos almocos com ovos mexidos e bacon no Helen Hotel, passear na cidade no Domingo de manha e ver um anuncio que estava no Aeroporto de Heathrow que dizia: "Voamos para San Francisco com a mesma frequencia com que voce escova os dentes. National Airlines, duas vezes por dia." Fiquei na duvida se escovar os dentes era aquilo em que o publicitario pensou inicialmente... Outro aspecto interessante que retive e' a subtil diferenca entre as simpatias germanica e britanica nos servicos. O sorriso e cuidada atencao sao comuns e denotam um profissionalismo que vai faltando nos servicos lusitanos, sendo Portugal um pais de pessoas menos frias. Mas os ingleses sao mais requintados no atendimento ao abusar da enfatica verbal (o "indeed" e' omnipresente) e ao brindar quase sempre a pessoa atendida
com um apontamento de humor. Ri-me com o comandante do voo de ida e com o motorista do autocarro Londres-Cambridge, algo que na Alemanha seria impossivel (e nao me refiro aos meus problemas com a lingua). Alias, o motorista do "shuttle" que me levou ao aeroporto de Frankfurt era "de livro": altissimo, gordo, pele clara, cabelo e bigode loiro, brinco, bone', casaco de couro "motard", botas, so' nao sei se se chamava Otto.

NOBEL
Na semana antes da Pascoa, esteve ca' o Professor Roald Hoffmann, a
falar de "Ciencia & Arte". O homem tem jeito para multidoes mas, na essencia, a palestra so' teve, para mim, um aspecto verdadeiramente interessante:
a comparacao do processo criativo entre os dominios cientifico e
artistico. Mostrou os rascunhos de um poema e de uma demonstracao matematica e ao longe nao eram muito diferentes: estavam ambos muito rasurados. Mostrou tambem os estudos para um quadro e os esbocos feitos para a representacao da molecula de hemoglobina. E a mensagem e' clara: nada surge por inspiracao divina, os grandes feitos requerem muito trabalho. De resto, foi uma sucessao de quadros lindos de pintores famosos, citacoes
profundas de pensadores famigerados e factos enciclopedicos sobre cientistas celebres, 'a boa moda de um "name dropper" profissional. Entretenimento puro! Tambem pude ler um poema que descrevia um fenomeno fisico que ja' nao me lembro qual era (talvez a fusao nuclear). Desta salada so' retive mais uma afirmacao interessante e que, acho eu, nao podia ser mais verdadeira: nenhum poeta escreve so' para si, por muito que o afirme; ha' sempre alguem a quem gostaria de mostrar os poemas e, normalmente, nao e' preciso insistir-se muito para que os deixe ler. O Hoffmann escreve poesia e ja' tem 3 livros publicados. Seguiu-se um lanche com os estudantes. Eramos uma dezena, no bar, 'a conversa com a celebridade. Depois de alguns apontamentos interessantes, bastante filosofia e meia duzia de lugares comuns, o tipo comeca a dizer que nao e' muito dificil vermos a nossa poesia publicada, desde que seja boa... Esqueceu-se de dizer que ter-se um Nobel costuma abrir muitas portas e permite publicar qualquer porcaria... Ja' agora, um postal para quem me disser a idade, a nacionalidade, que Nobel ganhou, em que ano e por que descoberta.

OSTERN & FAMILIE
A Pascoa nao podia ter sido passada de melhor maneira. Papas e Mana
vieram visitar o menino e certificar-se "in loco" e "in vivo" de que estava bem nutrido, bem instalado e bem disposto. Tiveram muita sorte com o tempo: nao obstante o "choque termico" de 15 graus no dia da chegada, o sol foi quase omnipresente, os dias seguintes foram mais quentes e esteve um
tempo optimo para passear. Nesses cinco dias incluiram-se visitas a:
* Frankfurt: capital economica da Alemanha, um colosso urbano com um pequeno e pitoresco centro historico ladeado por meia duzia de arranha-ceus com mais de 200 metros de altura; as salsichas de la' sao mesmo diferentes.
* Strasbourg: ja' em Franca, na Alsacia, mas pouco diferente das cidades alemas do Reno; sede da Uniao Europeia; outro centro historico
pitoresco, casas de estrutura de madeira com fachadas coloridas e sotaos com mais pisos que o resto da casa, dada a inclinacao do telhado; a zona mais antiga chama-se Petite France, esta' cheia de pontezinhas sobre um canal
e tem muito artesanato; a catedral medieval e' imponente (142m de altura, a mais alta de toda a Cristandade no seculo XIX) e sumptuosa, com esculturas "filigranicas" em pedra rosada, e tem la' dentro um incrivel relogio astronomico que nao deve nada ao de Praga, mais famoso.
* Baden-Baden: as termas mais famosas da Alemanha e provavelmente da Europa Central; a vila fica metida num vale, com montes a toda a volta, dando a sensacao de estar isolada do resto do mundo; parques, jardins, fontes e estatuas completam o cenario paradisiaco; ruas comerciais e actividades culturais para quem acha o resto demasiado idilico; local de ferias ideal para quem quer realmente descansar.
* Speyer, Ladenburg, Schwetzingen e Bad Wimpfen: vilazinhas de postal; a ultima foi visitada na sequencia de um passeio pelas margens do Neckar, cheias de castelinhos (como uma amostra do Reno); a penultima tem um palacio 'a moda de Versailles; a primeira tem uma impressionante catedral imperial que e' Patrimonio Mundial e as mais altas portas da cidade da Alemanha (torre com 55m); em todas abundam casinhas como as descritas de Strasbourg.

WETTER 2
Ainda a proposito da meteorologia, sempre que o Juan quer saber o tempo que vai fazer no dia seguinte, liga para a Mae, na Galiza, e pergunta-lhe que tempo fez la' no dia anterior. Olhando para as animacoes televisivas que ilustram a deslocacao das superficies frontais na Europa, comeco a achar que este metodo empirico tem solido suporte cientifico.

REISE & FREUNDE
Durante 10 dias, logo a seguir 'a Pascoa, o meu amigo Pedro Alves e eu demos uma volta pela Europa Central (num total de 5 paises) que nos enriqueceu imenso e nos permitiu reencontrar velhos amigos. Essa
fabulosa jornada merece uma cronica 'a parte (a proxima).

TEILZEITJOB / UNABHAHGIGE JUGEND
Na Europa nao-mediterranica, os jovens saem de casa dos pais mais cedo (tipicamente aos 18 anos) e nao e' necessariamente para estudar fora,
para casar, porque as casas sejam mais baratas ou porque recebam heranca antecipada. Na maior parte dos casos, juntam-se para morar em verdeiras "republicas". A necessidade de independencia assim o impoe e faz com que nao haja quaisquer pruridos em arranjar um emprego em "part-time" enquanto se estuda para tirar um curso superior ou em "full-time" nas ferias. Cafes, restaurantes, supermercados, lojas, bibliotecas, museus e cinemas estao cheios de funcionarios jovens e bem formados que contribuem muito positivamente para a qualidade dos servicos. E nas ferias em que
ja' juntaram dinheiro suficiente para nao ter que trabalhar, viajam. E'
obvio que as condicoes ca' sao diferentes mas tambem me parece que isto tem um fundo cultural. Ficar em casa dos pais e' considerado "comodismo",
viajar e' uma prioridade e nao e' vergonha nenhuma para alguem que saiba
integrar e fale quatro linguas trabalhar num cafe'...

Abracinhos e beijocas,
Nunito

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