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terça-feira, março 30, 2004


Paixão... 

Acabo de ver The Passion Of The Christ. O filme é perturbador, embora me comece a sentir um monstro por já não me chocar com os filmes mais violentos. Suponho que toque mais quem tenha uma vivência religiosa mais intensa do que a minha, que é agnóstica. Romanos e Judeus não saem, por motivos diferentes, muito bem vistos mas parece-me que não há a intenção de generalizar e que, tirando algumas liberdades artísticas que apenas visam acentuar o carácter simbólico de algumas cenas, a história é fiel à Bíblia. Mas esta é só uma primeira impressão. Fiquei com vontade de reler os Evangelhos, antes de dar uma opinião final... De qualquer modo, passa a mensagem de que o pecado humano é tanto que não há sofrimento que o redima. Por outro lado, o filme transmite, no meio de tanto sofrimento, as serenidade e tranquilidade de consciência conferidas pela coerência moral. A boçalidade dos pecadores é de tal ordem que deve envergonhar e fazer pensar quem se identifique com qualquer deles. E como somos todos pecadores... Nesse sentido, a Quaresma é o tempo adequado para se ver este filme que, a nível técnico e artístico, é absolutamente irrepreensível.

Da mesma forma que me irritam os movimentos que imediatamente vieram chamar anti-semita ao Gibson, irritaram-me (mas também me fizeram rir) os meninos que, à saída do cinema, distribuiram um livrinho de título A Guide to the Passion. Suponho que pertencessem ao Catholic Exchange. No livro respondem a 100 perguntas sobre o filme (alegadamente para ajudar à sua interpretação) mas não àquelas que as pessoas inteligentes fariam. Exemplos: 25) Why is sin such a big deal? , 85) Did Jesus die more quickly than was normal for crucifixion?. Chegam a especular sobre a hematidrose (suar sangue)... A única que se aproveita é mesmo a 100: What happens after Jesus leaves the tomb?. Leva como resposta: Read the Gospels and the Acts of the Apostles to find out!. Mas quando o pasquim parece acabar bem, entra a secção dos 5 Ls:
[...] That is why the central question in the Gospels is the question Jesus Himself put to His disciples: "Who do you say I am?" [...] For there are only five possibilities, and they all start with the letter "L". Jesus was either: 1) a legend [...] 2) a liar [...] 3) a lunatic [...] 4) a light and fluffy New Ager [...] 5) the Lord [...]
5 páginas de dissecação de argumentos depois, chegam à inusitada conclusão de que só a hipótese 5) é válida (acho que a 4), embora irrealista, era mais divertida). E sugerem a oração como passo seguinte. Rezarei por eles, coitadinhos, que bem precisam. Felizes os pobres de espírito...

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