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quarta-feira, abril 21, 2004


Ainda a Ciência... 

Aqui fica a opinião (com a qual concordo) do amigo Rui Sá, brilhante investigador luso que é orientado por Manuel Paiva, outro brilhante cientista de origem portuguesa:

Li não só no teu blog, mas também no Público de ontem, que o Damásio não
cumpre os critérios... Mas isso é provavelmente falso. Uma rápida
passagem pelo ISI diz-me que, após 1987, ele publicou 123 artigos, e se
pegarmos apenas no mais citado, esse artigo tem sozinho mais de 400
citações!
Mas a questão fundamental do ridículo da medida não é a definição de
excelência, seja ela qual for!
A questão é quem, no seu perfeito juízo, sendo excelente, deixa o seu
super-moderno, bem financiado, bem organizado, produtivo, etc, etc,
grupo de investigação, para vir, com uma bolsa de 2 anos (subinho BOLSA
e 2 ANOS), para Portugal, sem outras condições, sujeito ao favor
político para ter financiamento, sujeito à incapacidade nacional de
criar lugares atractivos para manter investigadores jovens e talentosos
(de quem no fundo a produtividade de um grupo depende!), etc, etc...

Temo que a medida tal como é proposta só atraia pessoas que não sejam
excelentes, mas que atingiram as 100 publicações de uma forma ou outra
(em algumas áreas não é dificil), ou então aqueles que "já foram"
excelentes, mas que estão em clara perda de velocidade... Ou então
alguém que procure uma carreira política, talvez como próximo ministro
da C&T. Este poderia ser, a meu ver, o único impacto eventualmente
positivo desta medida...

Um último ponto: as medidas de "caça aos cérebros fugidos" apenas
representam 2 a 3% do orçamento proposto e do tudo que contém a proposta
da ministra. É pena que ela tenha disponibilizado no site do mces um
documento opaco, cujo impacto é impossível de descortinar, e que dê um
prazo de menos de 30 dias para discussão. E é talvez mais grave ainda
que os jornalistas se apeguem apenas a esta medida, e não a tentar
descortinar o impacto das "novas" medidas no que toca aos restantes
97-98% do dinheiro em questão.


Já agora, leiam o muito bom artigo do António Barreto (obrigado Pedro!), que subscrevo em grande parte.

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