sábado, junho 26, 2004
A ressaca no lado de cá
Muita gente me tem perguntado como reagiram os Ingleses ao jogo de Quinta.
Para começar pensava-se que iriam todos para os Pubs ver o desafio mas apareceram muitos na sala do Wolfson College em que a Sociedade Portuguesa reuniu. Durante o jogo, Portugueses e Ingleses quase não se falaram mas também não houve provocações. No fim, enquanto nós berrávamos e nos abraçávamos, eles saiam caladinhos.
Devo dizer que recebi logo uma mensagem do meu colega inglês John, sempre muito correcto, a dar os parabéns e a assumir que Portugal jogou sempre melhor. Mas não foi capaz de deixar de mencionar a lesão do "puto" e o golo anulado...
Na rua um silêncio sepulcral. No trajecto para casa do Eduardo, onde nos reunimos para umas pizzas comemorativas (não se arranjou bacalhau), o único incidente da noite: um senhor de meia idade, acompanhado pela esposa, que se cruzou connosco com um semblante frustrado, deu um encontrão no nosso Presidente Coelho que ostentava um cachecol da Selecção. Optámos por ignorar...
No dia seguinte, no laboratório, evitei (e o mesmo fez a minha colega Ana Teresa) tomar a iniciativa de falar no jogo ou de fazer qualquer tipo de provocação. Seria (e foi) um dia normal de trabalho. Deixei a bandeira em casa. Sabia o que não gostaria que me fizessem se Portugal perdesse. Aceitei os muitos parabéns que recebi (nomeadamente deste Escocês), só discuti o jogo com quem tomou a iniciativa de vir falar comigo sobre isso e procurei fazê-lo de forma objectiva. O meu único momento indiscreto foi a "palmada" cúmplice com o "chefe" Samuel na cantina. Tirando um parvalhão crónico que ladrava qualquer coisa sobre árbitros e uma histérica que palrava "You were so lucky!", os Ingleses do laboratório foram exemplares e, embora se notasse alguma decepção, relacionaram-se connosco sem ponta de mágoa ou tensão. Uns deram os parabéns, outros pura e simplesmente não falaram de futebol (o que eu respeito). É justo assinalar que nem todos os Portugueses do laboratório foram discretos. O Professor Carlos Caldas vestiu a camisola da Selecção e exibiu durante todo o dia "aquele" sorriso, quase provocatório, que acredito não o terá feito muito popular mas enfim...
Infelizmente, os meus colegas ingleses não são representativos. A maioria da população segue a opinião da comunicação social que, neste País, é absolutamente nojenta. As capas dos tablóides, os jornais que mais vendem, são o que se sabe ("apanhados", nas palavras do Luís Rainha):
Mas até a BBC segue a onda e disseca o golo anulado, com os seus "especialistas" (que não devem saber para que serve a pequena área), apesar de reconhecerem que Portugal jogou melhor, a acusarem o árbitro e até a invocarem uma notícia de ontem do ignóbil The Sun em que o dito teria reconhecido o erro e pedido desculpa (não se lê ou ouve essa notícia em mais lado nenhum). O lance em que uma bola parece ter pairado sobre a linha de baliza inglesa foi obviamente ignorado. Mais ridículo ainda é uma selecção de imagens da segunda parte, em que os jogadores do meio campo inglês olham para todos os lados e não sabem o que fazer à bola, usadas para provar a influência dramática da lesão do Rooney no desfecho da partida. O Beckham, coitadinho, procurava o Rooney para lhe passar a bola e não o encontrava...
A minha visão das causas deste comportamento será dada num dos posts seguintes, ainda hoje.
Por fim, e voltando a gente saudável, não deixem de ler este belo post do Rino.
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Para começar pensava-se que iriam todos para os Pubs ver o desafio mas apareceram muitos na sala do Wolfson College em que a Sociedade Portuguesa reuniu. Durante o jogo, Portugueses e Ingleses quase não se falaram mas também não houve provocações. No fim, enquanto nós berrávamos e nos abraçávamos, eles saiam caladinhos.
Devo dizer que recebi logo uma mensagem do meu colega inglês John, sempre muito correcto, a dar os parabéns e a assumir que Portugal jogou sempre melhor. Mas não foi capaz de deixar de mencionar a lesão do "puto" e o golo anulado...
Na rua um silêncio sepulcral. No trajecto para casa do Eduardo, onde nos reunimos para umas pizzas comemorativas (não se arranjou bacalhau), o único incidente da noite: um senhor de meia idade, acompanhado pela esposa, que se cruzou connosco com um semblante frustrado, deu um encontrão no nosso Presidente Coelho que ostentava um cachecol da Selecção. Optámos por ignorar...
No dia seguinte, no laboratório, evitei (e o mesmo fez a minha colega Ana Teresa) tomar a iniciativa de falar no jogo ou de fazer qualquer tipo de provocação. Seria (e foi) um dia normal de trabalho. Deixei a bandeira em casa. Sabia o que não gostaria que me fizessem se Portugal perdesse. Aceitei os muitos parabéns que recebi (nomeadamente deste Escocês), só discuti o jogo com quem tomou a iniciativa de vir falar comigo sobre isso e procurei fazê-lo de forma objectiva. O meu único momento indiscreto foi a "palmada" cúmplice com o "chefe" Samuel na cantina. Tirando um parvalhão crónico que ladrava qualquer coisa sobre árbitros e uma histérica que palrava "You were so lucky!", os Ingleses do laboratório foram exemplares e, embora se notasse alguma decepção, relacionaram-se connosco sem ponta de mágoa ou tensão. Uns deram os parabéns, outros pura e simplesmente não falaram de futebol (o que eu respeito). É justo assinalar que nem todos os Portugueses do laboratório foram discretos. O Professor Carlos Caldas vestiu a camisola da Selecção e exibiu durante todo o dia "aquele" sorriso, quase provocatório, que acredito não o terá feito muito popular mas enfim...
Infelizmente, os meus colegas ingleses não são representativos. A maioria da população segue a opinião da comunicação social que, neste País, é absolutamente nojenta. As capas dos tablóides, os jornais que mais vendem, são o que se sabe ("apanhados", nas palavras do Luís Rainha):
Mas até a BBC segue a onda e disseca o golo anulado, com os seus "especialistas" (que não devem saber para que serve a pequena área), apesar de reconhecerem que Portugal jogou melhor, a acusarem o árbitro e até a invocarem uma notícia de ontem do ignóbil The Sun em que o dito teria reconhecido o erro e pedido desculpa (não se lê ou ouve essa notícia em mais lado nenhum). O lance em que uma bola parece ter pairado sobre a linha de baliza inglesa foi obviamente ignorado. Mais ridículo ainda é uma selecção de imagens da segunda parte, em que os jogadores do meio campo inglês olham para todos os lados e não sabem o que fazer à bola, usadas para provar a influência dramática da lesão do Rooney no desfecho da partida. O Beckham, coitadinho, procurava o Rooney para lhe passar a bola e não o encontrava...
A minha visão das causas deste comportamento será dada num dos posts seguintes, ainda hoje.
Por fim, e voltando a gente saudável, não deixem de ler este belo post do Rino.
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