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quarta-feira, junho 30, 2004


Sobre ser-se livre 

Decidi trancrever aqui um post descoberto por acaso no blog da Carla Hilário de Almeida Quevedo (que eu nem sequer conheço).
Há muito tempo que partilho este sentimento e que não encontrava forma nem tempo de o verbalizar. Ela fê-lo por mim, bem haja!

Quem corre por quem não gosta cansa-se

A verdadeira liberdade está em bastarmo-nos a nós próprios e, sobretudo, em gostarmos daqueles que não gostam de nós porque não precisamos do seu gosto para nada. Esse gosto que temos pelas pessoas é um gosto que resulta da aceitação da sua existência: as pessoas começam por ser só pessoas. Não há nada para, à partida, não gostar. Não gostar de alguém exige um determinado gasto de energia e por vezes maior do que aquela que dedicamos às pessoas de quem gostamos. Como se esse não gostar fosse mais excitante. Por isso digo-vos, sinceramente, que não há ninguém de quem não goste. Na minha pobre cabeça que não aguenta grande coisa não há espaço para não gostar de uma forma activa. Naturalmente, há coisas na vida de que não gosto, mas não faço desse não gostar um modo de vida.

No entanto, não há nesta recusa ao não gostar uma atitude de grandiosidade da minha parte. Não. Sei perfeitamente que as pessoas que gostam são habitualmente muito mais egoístas, muito mais livres, e não por não gostarem, mas precisamente por gostarem. Como se houvesse uma espécie de escudo que as protege em qualquer ocasião: não faz mal se não gostarem de nós, porque nós (que é o que importa) gostamos sempre mesmo de quem não gosta. E sim, por pura indiferença. E isto é tão verdade que ninguém acredita, porque ninguém gosta de acreditar que pode ser simplesmente dispensado, esquecido. Não gostar convém a muitas pessoas. Não sou capaz de dar assim tanto de mim.

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