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domingo, fevereiro 20, 2005


Branco 

Nestas Eleições o meu voto é em branco (afinal a Teresa até adivinhou).
Nos últimos dias partilhei a minha intenção com algumas pessoas e fui geralmente criticado. Mostrei-me disposto a alterar o meu sentido de voto caso alguém me desse um bom motivo para votar num partido. Todas as razões que recebi foram pela negativa. A incompetência do actual Governo (e em particular de Santana Lopes) foi o argumento mais premente para que eu votasse no PS ou, pelo menos, à Esquerda. "O voto em branco é um voto no Sócrates" (assumindo que assim se perde um voto à Direita, o que não é de todo verdade), a necessidade de evitar a maioria absoluta do PS e a persistência da "tralha guterrista" foram os argumentos esgrimidos pela ala Direita do meu círculo de conhecimentos. É interessante que a maioria dos argumentos são válidos mas são argumentos para "não votar", o que só reforça a minha posição. O significado do voto é, para mim, demasiado sagrado para votar pela negativa. Se estou descontente, manifesto-o também no voto (ao contrário dos abstencionistas, que prescindem desse direito). Se na Segunda se contabilizasse uma maioria de votos brancos, a mensagem de descontentamento seria clara.
De facto, nesta Campanha de uma mediocridade sem precedentes, nenhum partido fez por merecer o meu voto. Senão vejamos:

PSD - É impressionante que um Partido com bons quadros e um passado que sugere preparação para governar esteja agora liderado por alguém que nunca leva nada até ao fim, nunca deu mostras de competência, é quase todos os dias notícia pelos motivos errados e se preocupa mais com a sua imagem do que com qualquer outra coisa. É aterrador que um Partido com a tradição e a cultura democráticas do PSD tenha fomentado uma campanha de boatos, insinuações e orientada no sentido de denegrir o principal adversário. É incrível que o partido que, na minha opinião, está mais vocacionado para governar tenha, em quatro meses, feito trapalhadas suficientes para justificar a dissolução da Assembleia, onde havia uma maioria parlamentar de apoio ao Governo que liderava.

PS - Vi um líder sem ideias ou entusiasmo. Baseou todo o discurso nos defeitos dos seus adversários directos e pouco ficamos a saber sobre as suas próprias qualidades. Fez promessas que afinal eram apenas objectivos e para cujo cumprimento não explicou de onde viria o dinheiro. Vi também a dita "tralha guterrista" nas listas, a tal que já passou pelo Governo, não deixou saudades nem foi capaz de cumprir o mandato. O PS foi para estas eleições com a "cassete" pronta para evitar riscos, uma vez que os "tiros no pé" do Santana Lopes (com muito mais a perder) lhe garantem a vitória. Se já é preciso ter lata para pedir Maioria Absoluta, não lutar por ela é um insulto aos Portugueses.

PP - O líder até é esperto e não foi muito mau Ministro (embora, como diz o Bruno, tenha dado cabo da pérola que eram as OGMA). Mas não deixa de ter feito parte do actual o Governo. E se é verdade que nos últimos 7 meses o elo mais fraco da Coligação foi o PSD, nos tempos de Durão Barroso foi o "cherne" quem os safou. Por isso esta descolagem do PSD é oportunista e algo desleal. É também preocupante que o Partido esteja tão centrado num só indivíduo.

CDU - Foi das poucas forças políticas que escapou à mediocridade. Fez uma campanha coerente e o novo líder trouxe melhorias ao PCP. O discurso é, no entanto, de "cartilha", está ultrapassado e eu nunca votaria num Partido que não tem Democracia interna.

BE - Enquanto foram pequenos tinham piada, eram irreverentes. Agora que começam a ser grandes, são irresponsáveis e já começaram a ceder às tentações eleitoralistas e aos jogos de poder. Mais, a leviandade hippie com que determinadas questões são abordadas assusta. E a pretensa superioridade moral e intelectual que se arrogam é a sua grande fraqueza. A tirada infeliz do Louçã no debate contra o Portas não foi um mero acidente.

PCTP/MRPP - Se votasse em Lisboa, talvez colocasse aqui a cruz para ajudar a eleger o Garcia Pereira (com quem simpatizo) e assim dar força a uma voz de protesto. Nesse caso, estaria a ser mais fiel ao verdadeiro princípio destas eleições que é a eleição de deputados para a Assembleia. Em todo o caso, não me identifico com a base ideológica comunista do Partido.

PND - Partido centrado num frustrado oportunista (Manuel Monteiro) que, quando liderou uma força maior, não acrescentou nada...

PNR - São essencialmente neo-fascistas que querem correr com os pretos...

PH - Os Direitos Humanos são muito importantes mas é preciso uma visão mais global para o País. Ninguém sabe muito bem o que pensam sobre questões mais práticas, como as Finanças...

PDA - Não concorre por Viana e parece estar mais preocupado com os Açores do que com o resto do País. A ideia de um Estado sem IRS e sustentado pelo IVA até é engraçada mas completamente impraticável.

POUS - Este Partido Operário de Unidade Sindical tem uma líder (Carmelinda Pereira) que, quando lhe perguntaram "A senhora vive pior?", respondeu: "Eu não. Estou no topo da carreira e o meu marido é professor universitário. Mas os outros? A pessoa que trabalha na minha casa, a quem pago o salário mínimo... Ela ainda tem de trabalhar noutra casa, para criar o filho e a bebé." Está tudo dito...

PPM - A Monarquia não é democrática.

Deixo-vos com dois artigos, um do Miguel Sousa Tavares (que, quando não fala de futebol, é um tipo lúcido) e outro sobre as Eleições vistas de fora (o parágrafo dos partidos extremistas é um disparate, o resto é interessante).

1 comentários

Comentários Blogger(1):

Não sou bruxa, vi o teu comentário no blog do Nelson!

Por Blogger teresa, Ã s 5:18 da tarde  

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