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terça-feira, janeiro 24, 2006


Sobre as Presidenciais 

Não o posso provar agora, uma vez que nunca coloquei aqui nenhuma previsão (para além da derrota do "imbatível" Soares), mas os resultados das Presidenciais foram, em traços gerais, os que eu esperava desde o início: Cavaco à primeira, Alegre bem à frente de Soares, Jerónimo bem à frente de Louçã e melhor que o PC nas Legislativas.
Não tenho grande tempo para escrever muito sobre o assunto e as incidências das últimas eleições já foram dissecadas por gente mais talentosa e atenta do que eu. Deixo aqui apenas a transcrição de um mail rápido que mandei a alguém que me perguntou se estava contente com os resultados:

Não me desagradam, poupou-se tempo e dinheiro com uma segunda volta e, embora eu não ache o Cavaco o salvador, ganhou o único que verdadeiramente desejou e se preparou para ser Presidente. Parece-me que os outros se candidataram por outros motivos, incluindo evitar que o Cavaco ganhasse. Gostei particularmente dos resultados fracos de Soares e Louçã: fizeram uma campanha arrogante, cinzenta e pela negativa. Gostei que o Jerónimo tivesse tido um bom resultado: foi mais humilde, simpático, frontal, coerente e o unico capaz de, no debate televisivo, obrigar o Cavaco a falar e a marcar as diferenças sem ser com base em ataques pessoais ou ao passado. O facto de Jerónimo valer mais que o PC, Soares e Louçã menos que os respectivos partidos, o bom resultado do "pseudo-independente" Alegre e o facto de PSD e PP terem sido obrigados a não dar nas vistas na campanha do Cavaco são um factor positivo: desta vez os partidos não mandaram nas eleições (que o diga o PS).

Mas não resisto a uma opinião especulativa:
. Alegre sem Soares e com o lançamento do PS não levaria Cavaco à segunda volta porque passaria a estar conotado com o Governo e o Partido e já não beneficiaria do tal movimento de cidadania composto por aqueles que estão fartos da influência das máquinas partidárias.
. Soares sem Alegre não levaria Cavaco à segunda volta porque haveria votos de protesto Governo e anti-"aparelho PS" que provavelmente se transfeririam de Alegre para Cavaco.
. Resumindo, os Socialistas teriam precisado de outro candidato, mais consensual, que se lançasse por iniciativa individual mais cedo e só fosse apoiado pelo PS depois. Nunca percebi esta ideia peregrina de lançar Soares nem por que razão o homem se meteu nisto. Não trouxe nada de novo, limitou-se a bater em Cavaco.
. Jorge Coelho provou ser um péssimo estratega eleitoral e espero que não se esqueçam de o sanear politicamente.

A nossa comunicação social continua a ser perigosamente tendenciosa:
. Garcia Pereira é tão candidato como os outros, já tinha provado ser capaz de recolher 7500 assinaturas e nem sequer foi o último a entregá-las. Não ser convidado para o ciclo de debates televisivos é triste.
. Jerónimo de Sousa, apesar de ter sido o único a rebentar com as costuras do Pavilhão Atlântico, teve direito a cerca de metade das notícias de que beneficiaram os outros 4 candidatos "a sério" (segundo os critérios jornalísticos). E nunca percebi por que motivo os Comunistas têm sempre resultados melhores que as sondagens (o mesmo se costuma passar com o CDS).
. Interromper a transmissão da declaração de Alegre (segundo candidato mais votado) para mostrar a de Sócrates (Secretário-Geral do partido que apoiou o terceiro, que até já tinha falado) é inconcebível e muito mau prenúncio. Não me interessa se Sócrates fez de propósito ou não. As televisões é que o deviam ter ignorado.

Recomendo ainda a leitura deste post escrito por alguém que votou Cavaco.

E não acabo sem colocar aqui uma provocação de assumido mau gosto (que me foi enviada por um blogger de reconhecido bom gosto) aos amigos Filipe e Miguel.


2 comentários

Comentários Blogger(2):

Che Che, ou seja, Che ao quadrado! Grande revolucionário, o Marocas!

Por Blogger Filipe Moura, Ã s 1:21 da manhã  

:-)
É assim mesmo, Filipe! Verdadeiro "fair play"! Grande Abraço!

Por Blogger Nuno, Ã s 9:22 da manhã  

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