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domingo, fevereiro 12, 2006


Apontamentos 

Este extraordinário post do Pedro suscitou em mim duas reflexões:

1. No Reino Unido, a maior parte do financiamento para investigação no domínio do cancro é proveniente de charities. Cá estas instituições de beneficiência e sem fins lucrativos têm uma organização e uma capacidade de acção ímpares (pelo menos na Europa). Creio que o dinheiro do meu salário provém de uma. O novo monitor do computador em que trabalho foi pago pela Cancer Research UK. E é também a CRUK que está a pagar a construção do edifício que alojará um novo Instituto de investigação em Oncologia aqui em Cambridge.
O dinheiro resulta essencialmente da generosidade das pessoas. Esta generosidade está associada a uma grande consciência social e à sensibilização para o impacto que o avanço científico pode ter na qualidade de vida e nos índices de sobrevivência das pessoas com cancro. Pessoas que sobreviveram a um cancro contribuem para que outros, em situações ainda mais complicadas, possam ter a mesma sorte. Familiares daqueles que sofrem e até dos que sucumbiram também contribuem porque reconhecem o esforço dos profissionais de saúde e a necessidade de mais conhecimento, para que outros possam ter mais sorte.
O cidadão comum que contribui para a causa sente-se assim também envolvido na investigação: é mais curioso e mais exigente em relação à Ciência porque quer saber em que se anda a gastar o dinheiro com que participa. Isto gera nos cientistas uma atitute mais responsável. O dinheiro não pode ser mal gasto e é fundamental explicar bem ao público a natureza e a importância do trabalho que se faz diariamente no laboratório. Os "dias abertos" e as press releases são uma constante. Estas iniciativas contribuem também para desenvolver a cultura científica de um povo e despertar nos jovens o gosto por uma área de estudos tão nobre.
Acho que em Portugal, nos últimos tempos, se tem conseguido uma maior aproximação entre os cientistas e a população, fruto de maiores e mais visíveis investimentos (basta pensar no "Ciência Viva") e numa maior mediatização de algumas individualidades (os cientistas já vão à televisão com alguma frequência). No entanto, creio que ainda falta na população este sentimento de também estar a participar nos avanços da Ciência e em muitos cientistas a preocupação de mostrar e explicar às pessoas a importância do que fazem. Sinto porém que a situação está a melhorar, sobretudo na área biomédica.

2. Numa altura em que o meu Doutoramento se aproxima do fim e decisões quanto ao futuro terão que ser tomadas, a possibilidade "Estados Unidos" é equacionada. O critério científico e os conselhos de quem tem experiência apontam-na como a escolha natural. Mas confesso que, para além da distância, aquela sociedade me assusta.

4 comentários

Comentários Blogger(4):

Nuno,
se gostas de viver em inglaterra (como eu gostei) nem que seja por uns anos, tambem te vais dar bem cá. Inglaterra é ainda mais maluca e violenta do que os states. E cá tambem há coisas boas. O meu blog é negativo por outras razões.

Por Blogger Pedro, Ã s 2:12 da manhã  

Obrigado Pedro! O teu post não gerou esta ideia, suscitou a verbalização de um pensamento que já vinha de trás.
Eu não gosto particularmente da Inglaterra, eu gosto é de Cambridge. Mas também é verdade que provavelmente me adapto bem a qualquer sítio onde haja um mínimo de estímulo e conforto.

Por Blogger Nuno, Ã s 10:15 da manhã  

Todos aqueles que eu conheço que estudaram nos states gostaram da experiência.

Não te deixes assustar por isso rapaz!

Por Blogger Miguel Pinto, Ã s 6:10 da tarde  

Obrigado pelo apoio Miguel!

De qualquer modo, no próximo emprego já não serei estudante...

Por Blogger Nuno, Ã s 11:08 da tarde  

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